"Aprisonado em cada obeso há um homem magro
que luta com energia para aparecer."
Cyril Connolly
Vivemos numa sociedade perversa manifestamente “obesogénica” onde somos constantemente estimulados a consumir produtos alimentares de elevado valor energético (cheios de calorias vazias) e com deficiente valor nutricional (pobres em vários nutrientes como as fibras, vitaminas e minerais) e ao mesmo tempo saborosos, com preço acessível e fáceis de preparar. Estes produtos são amplamente publicitados, sendo associados a mensagens de prazer, felicidade, sucesso, beleza e bem-estar.
Paralelamente, parece haver uma “congeminação colectiva” para que cada vez nos mexamos menos. Quanto mais trabalhamos (a maioria de nós sentados ou em pé quase parados) e quanto mais stress profissional temos, mais sedentários (e gordos!) nos tornamos. As novas tecnologias proporcionaram-nos a possibilidade de fazermos mais em menos tempo, quase bastando apenas um simples movimento no teclado.
É vital o envolvimento de toda a sociedade (incluindo os órgãos governamentais e os meios de comunicação, famílias, escolas, serviços de saúde e indústrias alimentares) no combate à epidemia do século XXI, a qual nos tolda os movimentos e nos retira qualidade de vida (e mesmo anos de vida) começando por mudar este ambiente nefasto que propicia o desenvolvimento da obesidade.
Tal como acontece com os maços de cigarros, também estes produtos alimentares excessivamente calóricos e de baixo valor nutricional, deveriam conter mensagens alertando os consumidores para os riscos inerentes ao seu consumo habitual, como o aparecimento da obesidade, as doenças cardiovasculares, a diabetes tipo 2, dislipidémia (excesso de colesterol e/ou de triglicéridos), esteatose hepática (fígado gordo) e várias outras doenças. A par desta informação deveriam conter rótulos com informação nutricional completa e numa linguagem explícita para a nossa população. Deveriam ser criados incentivos para promover a criação de produtos alimentares com baixa densidade energética e com adequado valor nutricional, apelativos, rápidos de preparar e com preços acessíveis.
Há que criar mais espaços verdes, zonas pedonais e ciclovias seguras. Promover a actividade física nas escolas, nas empresas e na comunidade em geral.
A Organização Mundial de Saúde preconiza que a prevenção e o tratamento da obesidade sejam uma das prioridades máximas dos países desenvolvidos. Para que tal aconteça é necessário uma intervenção dietética/nutricional precoce que permita mudar hábitos alimentares e de exercício físico, promovendo estilos de vida mais saudáveis. A reeducação alimentar é essencial, bem como a instituição de um esquema alimentar personalizado que contemple as necessidades nutricionais, as preferências alimentares, os antecedentes pessoais e familiares (doenças, intolerâncias), hábitos de exercício físico, o estado emocional, o meio envolvente (apoio familiar, orçamento alimentar, crenças religiosas,…) e vários outros aspectos, de modo a que toda a orientação dietética/nutricional seja específica para a pessoa em causa, de forma a que os objectivos pretendidos sejam atingidos e duradouros. No decorrer do acompanhamento dietético/nutricional a pessoa vai adquirindo autonomia de forma a fazer escolhas alimentares adequadas aos objectivos pretendidos.
A Dietética era designada pelos gregos como sendo “a arte de bem viver”, correspondendo a noção de “diaita” (dieta) a um estilo de vida saudável, o qual deveria assegurar a manutenção da saúde física e psicológica. Há que recuperar um estilo de vida favorável a uma vida saudável que “cure” esta sociedade “obesogénica”.
(Publicado in Independente Junho de 2005).
“Que a comida seja o teu alimento e que o alimento seja o teu remédio”
Hipócrates
Dra. Eduarda Alves.
Directora da Clínica dos Alimentos
Dietista no Hospital São Francisco Xavier
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que luta com energia para aparecer."
Cyril Connolly
Vivemos numa sociedade perversa manifestamente “obesogénica” onde somos constantemente estimulados a consumir produtos alimentares de elevado valor energético (cheios de calorias vazias) e com deficiente valor nutricional (pobres em vários nutrientes como as fibras, vitaminas e minerais) e ao mesmo tempo saborosos, com preço acessível e fáceis de preparar. Estes produtos são amplamente publicitados, sendo associados a mensagens de prazer, felicidade, sucesso, beleza e bem-estar.
Paralelamente, parece haver uma “congeminação colectiva” para que cada vez nos mexamos menos. Quanto mais trabalhamos (a maioria de nós sentados ou em pé quase parados) e quanto mais stress profissional temos, mais sedentários (e gordos!) nos tornamos. As novas tecnologias proporcionaram-nos a possibilidade de fazermos mais em menos tempo, quase bastando apenas um simples movimento no teclado.
É vital o envolvimento de toda a sociedade (incluindo os órgãos governamentais e os meios de comunicação, famílias, escolas, serviços de saúde e indústrias alimentares) no combate à epidemia do século XXI, a qual nos tolda os movimentos e nos retira qualidade de vida (e mesmo anos de vida) começando por mudar este ambiente nefasto que propicia o desenvolvimento da obesidade.
Tal como acontece com os maços de cigarros, também estes produtos alimentares excessivamente calóricos e de baixo valor nutricional, deveriam conter mensagens alertando os consumidores para os riscos inerentes ao seu consumo habitual, como o aparecimento da obesidade, as doenças cardiovasculares, a diabetes tipo 2, dislipidémia (excesso de colesterol e/ou de triglicéridos), esteatose hepática (fígado gordo) e várias outras doenças. A par desta informação deveriam conter rótulos com informação nutricional completa e numa linguagem explícita para a nossa população. Deveriam ser criados incentivos para promover a criação de produtos alimentares com baixa densidade energética e com adequado valor nutricional, apelativos, rápidos de preparar e com preços acessíveis.
Há que criar mais espaços verdes, zonas pedonais e ciclovias seguras. Promover a actividade física nas escolas, nas empresas e na comunidade em geral.
A Organização Mundial de Saúde preconiza que a prevenção e o tratamento da obesidade sejam uma das prioridades máximas dos países desenvolvidos. Para que tal aconteça é necessário uma intervenção dietética/nutricional precoce que permita mudar hábitos alimentares e de exercício físico, promovendo estilos de vida mais saudáveis. A reeducação alimentar é essencial, bem como a instituição de um esquema alimentar personalizado que contemple as necessidades nutricionais, as preferências alimentares, os antecedentes pessoais e familiares (doenças, intolerâncias), hábitos de exercício físico, o estado emocional, o meio envolvente (apoio familiar, orçamento alimentar, crenças religiosas,…) e vários outros aspectos, de modo a que toda a orientação dietética/nutricional seja específica para a pessoa em causa, de forma a que os objectivos pretendidos sejam atingidos e duradouros. No decorrer do acompanhamento dietético/nutricional a pessoa vai adquirindo autonomia de forma a fazer escolhas alimentares adequadas aos objectivos pretendidos.
A Dietética era designada pelos gregos como sendo “a arte de bem viver”, correspondendo a noção de “diaita” (dieta) a um estilo de vida saudável, o qual deveria assegurar a manutenção da saúde física e psicológica. Há que recuperar um estilo de vida favorável a uma vida saudável que “cure” esta sociedade “obesogénica”.
(Publicado in Independente Junho de 2005).
“Que a comida seja o teu alimento e que o alimento seja o teu remédio”
Hipócrates
Dra. Eduarda Alves.
Directora da Clínica dos Alimentos
Dietista no Hospital São Francisco Xavier
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